Deixe voar
Que agonia que me dá ver um pássaro na gaiola! Sei bem como ele se sente tendo asas e anseios e a impossibilidade de sonhar sequer com voos baixos. É injusto e revoltante ver pássaros menos belos e sem muitas qualidades alçando lindos voos no imenso céu azul. Não que ele deseje que os outros estejam em seu lugar, mas deseja, sim, estar no lugar dos outros, com mesma chance de mostrar sua capacidade esplêndida de voar. Ele pode voar, ele tem asas, tem saúde, tem lindas penas, mas uma força externa o aprisiona naquela gaiola de luxo. Então ele perde a vontade de sonhar, de imaginar como seria estar fora dali, se deixando ser absorvido por aquelas grades que já se tornaram parte da sua mente. E ele se culpa por ter tomado aquele rumo que o fez cair direto naquela armadilha. Podia ter ido num rumo diferente, menos atrativo, menos seguro... Mas suas escolhas foram montando um quebra-cabeça em que uma peça depende da outra. E às vezes ele canta seu canto de tristeza, como um grito entalado na garganta que não consegue sair – o que fazer pra se libertar daquelas grades? Como se libertar sem contar com a ajuda primordial de alguém? Mas ele entrou ali, ele tem obrigação de saber sair. Será?
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